
A batalha entre Scuderia Ferrari e a Aston Martin F1 dá uma volta inesperada, e o proprietário da equipa britânica, Lawrence Stroll, está visivelmente irritado. Os problemas não se limitam à pista, onde a Aston Martin já encontrou dificuldades durante os testes no Bahrein, mas estendem-se também à área jurídica e à gestão dos recursos humanos.
As primeiras semanas da época puseram em evidência os problemas internos da Aston Martin. A equipa da Fórmula 1 não conduziu tanto quanto se esperava durante os testes no Bahrain e Fernando Alonso não escondeu as suas preocupações relativamente ao projeto de 2026. "Se estivermos a lutar pelo campeonato do mundo em 2025, isso é outra história. Mas se isso não acontecer, não faz muita diferença estar numa situação instável. Se nos custar 2026, será muito doloroso", explicou, claramente preocupado com o rumo que a equipa está a tomar.
Pedro de la Rosa, embaixador da equipa, continua a ser mais comedido, mas os seus comentários também reflectem um certo realismo. "Prefiro ser realista e acho que vamos ter de trabalhar muito para melhorar", disse à Marca, reconhecendo, no entanto, que são necessários progressos no futuro imediato.
Batalha jurídica entre a Ferrari e a Aston Martin
As tensões entre as duas equipas intensificaram-se com um litígio jurídico que impede a Aston Martin de reforçar a sua equipa técnica. Enrico Cardile, antigo diretor técnico da Ferrari, deveria juntar-se à Aston Martin para supervisionar a arquitetura e o design do carro de 2026. No entanto, a Ferrari atrasou a sua chegada, invocando a "licença de jardinagem" que tirou depois de deixar Maranello.
Em 3 de março, a data prevista para o início da atividade de Cardile na Aston Martin foi adiada na sequência de uma decisão do tribunal de Modena. De acordo com o jornal Corriere dello SportA Ferrari obteve uma injunção para impedir Cardile de se juntar à Aston Martin antes de 17 de julho. O tribunal decidiu que Cardile tinha violado o seu acordo de não concorrência com a Ferrari, irritando a Aston Martin e o seu proprietário, Lawrence Stroll.
"O proprietário Lawrence Stroll está furioso. A Aston Martin tinha reorganizado o seu departamento técnico para que Cardile se encarregasse da arquitetura e do design do automóvel, mas num momento crucial esta figura-chave é bloqueada", diz Corriere dello Sport. A situação torna-se ainda mais tensa devido ao facto de Cardile não ter honrado a sua notificação de partida, um incumprimento que a Ferrari parece decidida a levar a tribunal.
Apesar desta complexa situação jurídica, a Aston Martin está a tentar manter-se positiva. Adrian Newey começou finalmente a trabalhar com a equipa na segunda-feira. Esta chegada, ainda que tardia, é vista como uma mais-valia para o projeto 2026, nomeadamente na perspetiva do desenvolvimento do novo carro. É pouco provável que a tensão entre a Ferrari e a Aston Martin se limite à esfera jurídica. Na pista, as consequências desta situação podem ter um impacto no desempenho da equipa Aston Martin. A Ferrari, por seu lado, está a tentar capitalizar esta situação para prejudicar o seu rival a longo prazo.